Automobilismo Esporte

O imponderável e a emoção do esporte

13/06/2018

O imponderável e a emoção do esporte

Nas últimas semanas, tivemos cada vez mais provas de como o esporte mexe com o imaginário popular e movimenta as massas. Foi no futebol com a impensável virada da Roma sobre o Barcelona, pela Liga dos Campeões e depois com as atuações de gala do egípcio Salah pelo Liverpool; foi no vôlei com a aposentadoria da bicampeã olímpica Fabi; foi no automobilismo com o GP do Azerbaijão maluco, cheio de reviravoltas, de alternativas e com a vitória caindo no colo de Lewis Hamilton.

O fato é que, assim como a arte para os aficionados por obras, os filmes para os cinéfilos e as músicas para quem se emociona por elas, o esporte é pura emoção para os torcedores. Apesar de todo o treinamento, preparação, técnica, tática e estratégia por trás dos atletas e treinadores, o lado humano é o que pesa e mantém os fãs envolvidos com seus times de coração e seus ídolos.

Basta ver na comoção gerada após o anúncio do adeus de Wenger ao Arsenal. O técnico, que ficou 22 anos no comando do clube inglês, está de saída ao fim da temporada e, mesmo depois dos últimos anos controversos, foi homenageado pela torcida dos Gunners.

Ainda dentro de campo, vale lembrar a comemoração dos fãs do Manchester City no título inglês da temporada 2011/12 após 44 anos de seca, com direito a gol aos 49 minutos do segundo tempo. Seja com dinheiro de xeque, ou não, o que importava era a conquista. A celebração única mostrava o sentimento preso em tantos anos aguardando e a dramaticidade daquele momento.

A Copa do Mundo vem aí

E quando falamos de futebol, não tem como não comentar sobre as emoções protagonizadas pela Copa do Mundo. Nas Eliminatórias, já vimos momentos tensos e épicos, como a classificação inédita da Islândia para o torneio deste ano na Rússia, a volta do Egito e do Peru para a maior competição de seleções do mundo. Além de toda a emoção do esporte, da conquista e da consagração, o sentimento nacionalista intensifica as comemorações. A ESPN fez um compilado das celebrações nesse vídeo.

Quem não se lembra dos títulos de 1994 e 2002, com o tetra e o penta da seleção brasileira parando o país. A própria Copa de 2014 mostrou para nós brasileiros a festa dos outros países, com cada jogo disputado.

Dos campos para as quadras

Se a Copa promete momentos de pura emoção, outro esporte que gosto de acompanhar também move torcidas. Apesar de estarem sozinhos em quadra, os tenistas cativam fãs-clubes pelo mundo todo e nutrem até rivalidades entre os jogadores. Dos nomes atuais, se criou uma disputa intensa entre Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray. E todos eles já mostraram imagens emocionantes ao alcançarem grandes vitórias, ou nas derrotas.

Já vimos um Federer chorando copiosamente em diversas oportunidades, inclusive no título do Aberto da Austrália deste ano. Não dá para esquecer a incredulidade de Murray ao ganhar o torneio de sua casa, em Wimbledon, em 2013. Ou ainda Djokovic comendo grama para festejar o troféu também no tradicional torneio britânico, em 2011.

Para nós, então, o eterno coração de Guga em Roland Garros é uma imagem icônica. Primeiro foi nas oitavas de final de 2001 após uma virada dramática contra o americano Michael Russell. E depois, na final, na conquista do tricampeonato ao bater o espanhol Alex Corretja. Além da emoção, os tenistas também deixam exemplos que podem ser aplicados em outras áreas da vida, como os negócios. Veja aqui meu texto no blog do Runrun.it sobre as lições de liderança do tênis.

Das quadras para as pistas

Agora, vamos passar para outro esporte que gosto muito de acompanhar e foi o primeiro trabalho na área de jornalismo: o automobilismo. Com meu pai, já tinha ido algumas vezes ao autódromo acompanhar categorias de turismo como o Trofeo Maserati. Isso sem falar no domingo de manhã, sempre assistindo às corridas da Fórmula 1 também com meu pai. Vi aquela primeira vitória de Rubens Barrichello no caótico GP da Alemanha de 2000.

Porém foi em 2007 que iniciei minha trajetória na cobertura das corridas ao ganhar uma oportunidade com o Rogério Elias no Amigos da Velocidade.

Em praticamente dois anos, aprendi muito, entrevistei pilotos, fiz matérias especiais, acompanhei eventos e corridas in loco. Apesar daqueles GPs monótonos que sempre acontecem, as temporadas de 2007 e 2008 foram para lá de empolgantes. No primeiro ano, teve a disputa entre o então novato Lewis Hamilton e o então bicampeão Fernando Alonso, se digladiando na McLaren. Além dos dois, correndo por fora, Kimi Räikkönen, da Ferrari, veio pelas beiradas e acabou ganhando o título.

Em 2008, aconteceu o pega entre Hamilton e Felipe Massa, com o britânico se levando melhor depois de uma temporada repleta de emoções, com direito à armação de Flavio Briatore na Renault para beneficiar e dar uma vitória a Alonso. Mas o que dizer da última etapa no Brasil, quando Felipe foi campeão por alguns segundos, só que, ao ganhar uma posição na última curva no meio da chuva, Hamilton conseguiu o seu primeiro título. E foi também, em 2008, que o tetracampeão Sebastian Vettel chegou ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez, ainda pela Toro Rosso, num fim de semana incrível em Monza.

No entanto, nem só de Fórmula 1 vive o automobilismo. Tive o prazer de ver de pertinho, em Interlagos, a Fórmula Truck e a Stock Car, conversando com os pilotos antes e depois das corridas. Contudo, nem sempre são só alegrias. Também em São Paulo, em 2007, em uma ocasião que nem estava a trabalho, enfrentei o pior momento de minha carreira até hoje. Tive que noticiar e acompanhar os desdobramentos do trágico acidente que tirou a vida do piloto Rafael Sperafico na Stock Car Light. Foram momentos difíceis.

Mas estou aqui hoje para comentar sobre as emoções positivas do esporte e de como os times, jogadores, tenistas, pilotos se tornam ídolos e movem montanhas de torcedores. E, principalmente, estou aqui para agradecer ao Rogério por me abrir o espaço para escrever esse texto, por participar do início da minha caminhada no jornalismo e na comunicação, e também desejar toda a sorte no relançamento do Amigos da Velocidade nesta nova versão e nova roupagem, com muito conteúdo de qualidade.

*Gabriel Duque nos honrou com uma passagem brilhante pelo Amigos da Velocidade. Atualmente trabalha na Runrun.it. É jornalista, produtor e editor de conteúdo, analista de mídias sociais e marketing de conteúdo.

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Jornalista. Abril, UOL, Yahoo, Estadão, Correio Paulistano.
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