Automobilismo Copa Truck Velocidade

A Copa Truck é a confiança nas corridas no Brasil

26/07/2018

A Copa Truck é a confiança nas corridas no Brasil

De repente, a Fórmula Truck não existia mais. Fiquei perplexo. A categoria que aprendi a amar e que gostava de estar. Muito mais do que qualquer outra. Corrida de caminhão é assim. Você gosta ou não gosta. Ou, quase isso. Afinal trata-se de velocidade, motor, suspensão, preparação, estratégia. Os Amigos da Velocidade gostam disso. Eles podem criticar, mas sempre pensando no bem do automobilismo.

Lógico que não foi de repente. O fim de uma categoria é um processo até que longo, como tudo na vida. Mas felizmente, das cinzas veio a esperança – como no mito alegadamente egipício. A Copa Truck surgiu do amor abnegado de pilotos, donos de equipe, dirigentes e (por que não?): de mecânicos, técnicos, administrativos, jornalistas.

Lembro-me claramente da primeira vez que acompanhei uma corrida de caminhão. Foi em Goiânia. No muro do pit, vi e senti a passagem do pesado que rasgou a reta a uns 195km/h (ou mais). Sensação que me fez decidir que estar num autódromo é o que eu quero fazer para o resto de minha vida.

Bom, veio a Copa Truck. Foi-se a Fórmula. Porém, queria saber o que houve e o que há. Então decidi conversar com Wellington Cirino (filho do “seo” Roberto). Wellington foi tetracampeão da Fórmula Truck e tem mais dois vice-campeonatos. Sem dúvida, o maior expoente da antiga série. E um dos principais da nova série.

Trabalhando com André Marques (que também nos passou suas impressões), Cirino gentilmente nos atendeu e nos explicou:

Necessário

“A mudança foi necessária. A administração da Fórmula Truck vinha passando por problemas graves e com o decorrer do tempo (a categoria) foi se enfraquecendo. Chegou ao ponto de não conseguirem organizar mais corridas. Havia uma discordância muito grande entre as equipes e os promotores. Isso começou em 2015 e só foi piorando”.

200

“Eu corri na Fórmula Truck por 20 anos. Fiz 200 Grandes Prêmios. Eu só posso agradecer. Chegamos a ter 85 mil pessoas em Interlagos em São Paulo. Só falando em Mercedes, chegamos a ter 1.500 pessoas nos camarotes e 8 mil nas arquibancadas. Mas, infelizmente, o Aurélio faleceu (Batista Félix, um dos criadores da F-Truck e principal dirigente, morto em 2008). A partir daí a categoria passou a ter problemas”.

Aqui é trabalho

“Sou um piloto profissional, vi todo esse enfraquecimento e vi a Truck paralisar todas as suas atividades. Comecei a procurar uma perspectiva nova. Como disse, sou profissional e preciso estar na pista. É o meu trabalho. Consegui um acordo com o piloto  André Marques e sua equipe. É o único time oficial Mercedes-Benz. Aliás, há 17 anos sou piloto oficial da marca Mercedes – que sempre nos apoiou”.

“O André montou um time do zero e, também, com investimento da marca. A mudança foi necessária para o bem do esporte e para o bem das corridas de caminhão no Brasil. Temos que agradecer a ANET (Associação Nacional das Equipes de Truck) pela iniciativa de organizar um novo evento”.

Novo formato

“A gente sente, etapa a etapa, que o novo campeonato está crescendo e caminhando para um auge. Um grande trabalho da ANET junto com o Carlos Col (Mais Brasil). Um novo formato de prova com rodada dupla e a inversão do grid, dos 8 primeiros, na segunda corrida. A divisão do campeonato em Copas. A Grande Final. O campeonato dá chance a todas as equipes durante todo o ano”.

André Marques

“Hoje nos sentimos parte do evento e parte de todo o show”, disse o piloto e dono de equipe. “O evento é muito aberto. O Carlos Col tem uma maneira de liderar e gerir o negócio a partir da consulta às equipes para que seja melhor para todos. E, assim, nos sentimos mais amparados. (As decisões) não vêm de uma presidente ou uma direção e ponto final. Hoje é de comum acordo com todos e bom para todos. Sempre se preocupando com a ‘saúde’ de cada equipe e com os resultados de cada marca. É a maior diferença para a antiga Truck”, analisou.

*Neste fim de semana, a Copa Truck faz rodada em Campo Grande (MS)

Por Rogério Elias (@RogérioElias)

COMPARTILHE:

Jornalista. Abril, UOL, Yahoo, Estadão, Correio Paulistano.
Comentários