Automobilismo F1

Na Alemanha, a #F1 retorna para onde tudo começou

19/07/2018

Na Alemanha, a #F1 retorna para onde tudo começou

Se na Inglaterra foi o retorno à casa, o GP da Alemanha significa a volta para onde tudo começou. Não fosse o sr. Karl Benz ter criado um veículo movido à combustão interna em 1885 poderíamos ter demorado um pouco mais a ter o automóvel como conhecemos hoje. Como o ser humano adora competição e a “carruagem sem cavalos” chamou a atenção de todos, não demorou muito para que começassem as corridas. No início do Século XX, as primeiras eram feitas de forma diletante. Em 1901, os alemães tomaram parte desta disputa principalmente através da Daimler através de Emil Jellinek, negociante austríaco dos carros alemães. Jellinek corria usando o pseudônimo Mercedes, nome de sua filha, que significa “graça”.

A partir de 1903, o nome Mercedes era oficialmente utilizado para designar os carros.

Naquela que se considera como a geratriz do Grande Prêmio (como conhecemos hoje) em 1906, na França, os donos da casa eram os principais fabricantes da época e dominaram a prova. Onze chegaram. Os dois últimos, Mercedes. No ano seguinte seria disputado o primeiro GP da Alemanha. Nos anos seguintes, a Benz também se juntou a este esforço competitivo e os carros alemães começaram a usar a cor branca para representação (vem daí a origem do vermelho para Itália, verde para a Inglaterra…). Em 1923, com a crise econômica alemã, Daimler e  Benz iniciaram negociações e a partir de 1926 começaram a sair de fábrica os primeiros Mercedes-Benz.

Sem parar

As competições não pararam e os alemães introduziram neste mesmo ano um sistema de bandeiras e quadros para os pilotos. Era a primeira tentativa de comunicação entre os boxes e os competidores. Nesta época, a equipe também contava com um tal de Ferdinand Porsche na concepção de motores. Na década de 30, as fábricas alemãs começaram a ser incentivadas pelo governo a participar destas competições. Então surgem as Mercedes-Benz W25, que, para reduzir peso, tiveram sua pintura raspada, ficando com o alumínio e aço originais. Foram apelidadas de “Flechas de Prata”.

Com o dedo de Ferdinand Porsche, a Auto Union desenvolve o Tipo B com motor traseiro de 16 cilindros e compressor. Feras como Bernd Rosemeyer e Rudolf Caracciola dominaram as competições europeias nesse período.

Guerra

Veio a Segunda Grande Guerra e as competições ficaram esquecidas. Com o armistício, as idéias de um campeonato mundial, que vinham sendo negociadas, voltaram a tomar corpo. Em 1947, a Federação Internacional de Automobilismo foi criada e em 1949 foi anunciado o primeiro Mundial de Fórmula 1 para 1950. Nesse momento inicial, os alemães ficaram de fora. Em 1952 e 1953, a BMW tentou algo no GP da Alemanha, mas ficou na última posição com um F2 adaptado. Os germânicos, a partir de 1954, vieram com o matador Mercedes W196. Resultado: bicampeonato (em 1954 e 1955) com Juan Manuel Fangio.

Com o acidente de Le Mans em 1955, a Mercedes abandonou as competições. Um esforço coordenado só foi feito novamente na década de 60 com a entrada da Porsche, que já havia entrado em algumas corridas em 58 e 59 na Fórmula 2, mas em caráter privado. Aproveitando a mudança de regulamento, a marca de Stuttgart veio com equipe oficial em 1961 e ficou até 1963, obtendo uma vitória com Dan Gurney no GP da França. Após isso, a marca se concentrou em outras categorias.

Turbinados

Após ficar de lado, somente com envolvimentos pequenos (Kauhsen em 78), a Alemanha só voltou a participar para valer com a Fórmula 1 na década de 80. Ao perceber a necessidade de ter um motor turbo, Brabham e McLaren acharam a solução de seus problemas em terras tedescas. A Brabham fechou um acordo de fornecimento com a BMW em 81 e começou a usar o 4 cilindros em linha turbinado a partir de 82 com Nelson Piquet. Já a McLaren bateu na porta da Porsche para que esta lhe fizesse um turbo de acordo com as necessidades de seu projetista John Barnard. Bancado pela TAG, o V6 de Stuttgart entrou na pista no final de 83.

A partir de então, as duas fábricas simplesmente ganharam 4 títulos de pilotos em sequência (Piquet em 83, Lauda em 84 e Prost em 85 e 86) e conquistaram 32 vitórias em 93 GPs (cerca de 34% de aproveitamento). Coincidentemente, em 87, as duas empresas saíram da categoria. Os motores BMW ainda foram usados em 88, mas sob o logotipo Megatron.

Não podemos esquecer do esforço de Erich Zakowski que colocou a Zakspeed na pista nas temporadas de 1985 a 1989, obtendo 2 pontos (Martin Brundle em 1987) e ainda de Gunther Schimdt. Inicialmente com a ATS em 1978 até 1984 (conquistando 7 pontos) e depois com a Rial entre 1988 e 1989 (2 quartos lugares com Andrea de Cesaris e Christian Danner).

Ataque Panzer

Na década de 90, a “divisão Panzer” atacou. Inicialmente a Porsche anunciou um retorno como fornecedora de motores para a Footwork em 91. O resultado foi tão ruim que nem chegou ao fim do ano. Em 93, a Sauber estréia na F1 com um apoio da Mercedes-Benz. Antes já havia promovido a estréia de um de seus pilotos do Grupo C. Um tal de Michael Schumacher, em 1991. Posteriormente faz a mesma coisa com Karl Wendlinger, que também pilotou para a March no final de 1991 e fez a temporada inteira de 1992.

Em 1994, a Mercedes coloca oficialmente seu nome no motor V10 fornecido exclusivamente para a Sauber. Tudo indicava que a equipe suíça seria apadrinhada de vez pelos alemães. Mas Ron Dennis foi mais esperto e convenceu a ir para o seu lado. Teve aí início uma das mais duradouras relações da Fórmula 1, McLaren/Mercedes, que durou até 2014.

Em 1998, a BMW também anunciou que retornava à Fórmula 1 fornecendo motores à Williams (permaneceu até 2005) e, então, anunciou que compraria a Sauber. A equipe veio crescendo aos poucos, obtendo uma única vitória com Robert Kubica no GP do Canadá de 2007. A montadora, porém, anunciou sua saída da categoria em 2008, por conta da crise econômica. Mesmo assim, ainda bancou a volta da Sauber no ano seguinte.

Lembramos que a Toyota montou sua base para a Fórmula 1 em Colônia, na Alemanha. Os japoneses podem ter se retirado em 2009, mas a estrutura ainda está lá e seu túnel de vento é utilizado por diversas categorias para desenvolvimento de seus carros – incluindo várias equipes da F1.

Em 2009, começou o movimento de dominação. Após impressionar com um desempenho fabuloso, a Brawn GP anunciava sua aquisição pela Mercedes a partir de 2010. Veio a seguir o retorno de Michael Schumacher. Foram quatro temporadas de trabalho duro. Mas com a introdução do novo regulamento em 2014 e os motores híbridos, [uma verdadeira lavada. De lá para cá foram quatro temporadas vencendo o campeonato de pilotos e de construtores.

Por Sérgio Milani (@smilani80)

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Jornalista. Abril, UOL, Yahoo, Estadão, Correio Paulistano.
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