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A mãe das grandes invenções: competição e a tecnologia de ponta

18/06/2018

A mãe das grandes invenções: competição e a tecnologia de ponta

Diz o ditado popular que a necessidade é a mãe das grandes invenções. E, desde o início, uma das buscas da engenharia é otimizar cada vez mais o rendimento energético dos motores a combustão. E, em momentos de restrição, tal preocupação ganha espaço nas discussões. No automobilismo não é diferente. A preocupação principal é andar mais rápido. Mas como combustível significa andar com mais peso, o objetivo é o velho “fazer mais com menos”. Nos primórdios, os carros tinham que andar com mecânicos a bordo para dar apoio ao piloto e também com o combustível.

Nesta época, já surgia também a solução dos carros elétricos. Mas, como hoje, já havia a famosa questão: como aumentar a autonomia e armazenar? Os saltos de qualidade vieram por conta das restrições e pela velocidade de desenvolvimento que a competição acaba por permitir. E não podemos ignorar também o avanço trazido pelas aplicações militares.

Principalmente após a 2ª Guerra, muito se aprendeu sobre construção e uso de materiais. Sem contar que apareceu com força uma área que influencia demais: a aerodinâmica. Os carros de corrida incorporaram muito de conceitos aeronáuticos. E os motores também ganharam força. Mas sendo cada vez mais eficientes.

Na década de 70, as altas nos preços do petróleo forçaram a acelerar este desenvolvimento. Outro aspecto também foi o surgimento da preocupação com a poluição. Vários países introduziram leis neste sentido. Por este motivo, um item que foi usado anteriormente, foi “redescoberto”: o turbocompressor. Pelo fato de usar os gases de combustão para funcionar, permitia usar motores menores com uma potência igual ou maior. A Renault soube usar este aspecto em 77 para entrar na F1. E tornou-se padrão.

Os anos 80 trouxeram a eletrônica com peso para ajudar principalmente no consumo de combustível. A F1 introduziu a limitação da capacidade dos tanques entre 1984 e 1988 e o uso de computadores combinados com sensores foi primordial para obter a mistura ideal de maneira a andar rápido poupando gasolina.

Atualmente, somos cada vez mais confrontados. E novas formas de energia são usadas. Os automóveis redescobrem a energia elétrica e cada vez mais usam os sistemas híbridos. O automobilismo ajudou a chegar neste ponto desenvolvendo sistemas de recuperação de energia térmica e cinética das freadas. Quem poderia imaginar que atualmente um motor 1.0 pode desenvolver tanta potência quanto um carro esportivo de 30 anos atrás, gastando e pesando menos?

O maior exemplo desta tecnologia é o atual motor turbo da Mercedes na F1. Uma verdadeira joia de engenharia: um motor de 1,6 litro, de seis cilindros, com uma única turbina. Só a parte empurrada por combustão atinge uma potência entre 750/800 cavalos. Combinado com os sistemas de recuperação de energia vindos do funcionamento do turbo e dos freios, esta “unidade de potência” chega aos 1000 cavalos. E pesando menos de 150 quilos completo.

Com tudo isso envolvido, este motor obteve a maior eficiência térmica já vista até hoje, sendo considerado o mais eficiente em competição. Tal dado garante uma sobrevida ao “vilão” combustível. E a competição mostra o seu valor ao ver a Fórmula E acelerando soluções para os carros elétricos que, muito em breve, deverão estar em nossas ruas.

Talvez sobre o risco de deixar de ser tão central em nossas vidas, os automóveis ainda representam um grande modo de desenvolvimento. E as competições continuam a comprovar a sua viabilidade como desenvolvedora de tecnologias para uso em nosso dia-a-dia.

Por Sérgio Milani (@smilani80)

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Jornalista. Abril, UOL, Yahoo, Estadão, Correio Paulistano.
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