Carros a mais de 400 Km/h. Isso é, simplesmente, a lendária Le Mans

O próximo final de semana tem, simplesmente, 24 Horas de Le Mans, a principal corrida de carros do mundo. Certamente, uma das provas históricas responsáveis (senão a principal) pela popularização do automóvel. Esportivamente, uma disputa que reúne o melhor do automobilismo. Ou seja, a resistência mecânica aliada com velocidade dos carros e a resistência física aliada com velocidade dos pilotos. A 1ª 24 Horas foi disputada entre 26 e 27 de maio de 1923. Ou seja, há 95 anos. Naquele dia, a melhor volta no Circuit de la Sarthe teve uma média de 107,3 km/h por volta e foram percorridos 2.209 quilômetros. Hoje, a média é de 245 km/h e se percorre mais de 5.000 quilômetros.

Le Mans é uma disputa repleta de detalhes que a transformaram em lenda tanto para os pilotos quanto para os fãs. Em 1971, por exemplo,estabeleceu-se um recorde de distância percorrida que demorou décadas para ser batido: 5.335 quilômetros completados com o Porsche 917. O carro era um ‘foguete tecnológico’ para a época e a pista era formada por longas retas, sem chicanes – que só foram introduzidas no ano seguinte para diminuir a velocidade dos carros e garantir mais segurança. O Porsche 917, aliás, é “protagonista” do famoso filme Le Mans, com Steve McQueen, que dispensou dublês nas filmagens.  A produção cinematográfica é um das melhores sobre automobilismo até os dias de hoje.

Mas, o recorde atual de distancia percorrida é do Audi R15 (com os pilotos Mike Rockenfeller /Timo Bernhard/Romain Dumas), em 2010. Foram 5.410,71 quilômetros em 397 voltas.

Porsche… Ah, a Porsche

A alemã Porsche tem 19 vitórias nas 24 Horas de Le Mans. É a fabricante mais vitoriosa no geral. A Audi tem 13 vitorias e a Ferrai somou nove triunfos, mas a última do time de Maranello aconteceu em 1965. A curiosidade é que a primeira vitória da Porsche aconteceu em 1970. A montadora de Stuttgart também é recordista de vitorias consecutivas. Foram sete entre 1981 e 1987.

O detalhe: em 2000, a Audi foi a ultima marca a obter a 1ª vitória – feito que a Toyota tenta este ano. Antes, em 1999, a BMW também obteve sua primeira e única vitória, no geral, em La Sarthe.

O maior vencedor da corrida é o piloto dinamarquês Tom Kristensen que tem 9 vitorias (6 consecutivas).

A maior velocidade registrada foi  de 404 km/h na reta Mulsanne, em 1988, porém antes da introdução de uma chicane no local.

O belga Jacky Ickx mudou o formato de largada. Era tradicional, em Le Mans, os pilotos correrem para o carro no início da corrida. Como protesto pelo perigo desta prática, em 1969, Ickx decidiu ir andando ao invés de correr. Ele ganhou a prova. E as regras mudaram. Pois, a partir de 1970, os pilotos começaram a largar de dentro dos carros.

O circuito mudou de configuração em 13 ocasiões. A pista teve, no máximo, 17.262 km – entre 1923 e 1928. Ou seja, quase nada mudou. A diferença de hoje para a pista de 80 anos atrás é a introdução das chicanes para reduzir a velocidade dos supercarros.

O filme “Le Mans” (1971), dirigido por Lee H. Katzin e com atuação impecável de Steve McQueen, teve cenas reais da corrida de 1971 (e esta prova entraria para a história como uma das mais rápidas de todos os tempos). McQueen pilotou o carro de corrida (nada de dublês).

Este é um dos únicos títulos que o Brasil não tem no automobilismo. O melhor resultado brasileiro na classificação geral foi o segundo lugar: José Carlos Pace (1973 – Ferrari),  Raul Boesel (1991 – Jaguar) e Lucas di Grassi (2014 – Audi).

Henri Pescarolo é o recordista de largadas. Foram 33 entre 1966 e 1999.

Jean Rondeau é o único piloto que ganhou com um carro que leva o seu nove. É também o único vencedor de Le Mans nascido na localidade. Ganhou em 1980 ao volande de um Rondeau M379B, formando equipe com Jean-Pierre Jaussaud.

Eddie Hall correu sozinho em  1950. Ele tinha um piloto de reserva. O que não tinha era a intenção de correr com ele. Fez 236 voltas sozinho, mais de 3.200 km, e acabou em oitavo lugar.

Só Graham Hill conseguiu ganhar as 24 horas de Le Mans, o GP do Mônaco de  e as 500 milhas de Indianapolis.

AJ Foyt foi o único a conseguir ganhar duas destas provas no mesmo ano (as 24 horas e 500 milhas em 1967).

Dan Gurney criou a tradição do champanhe. Ganhou a edição de 1967, juntamente com A.J. Foyt, e quando lhe deram a garrafa de champanhe resolveu “regar” outros pilotos, os fotógrafos, pilotos e chefe de equipe presentes.

Por Guilherme Baptistella